quarta-feira, 7 de setembro de 2011

SOBRE O PODER GLOBAL

SOBRE O PODER GLOBAL
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O artigo discute as possibilidades e limites da idéia de uma “governança global”. O autor retoma a teoria da estabilidade hegemônica e seu desdobramento no debate em torno das noções de “hegemonia” e “governança” mundiais. Examina então a constituição e expansão de economias e poderes hegemônicos desde o século XVII, a fim de extrair premissas teóricas acerca das condições reais sob as quais pode haver governabilidade global, para além de um ideal cosmopolita kantiano.

José Luís Fiori

Foi no início da década de 1970 que Charles Kindleberger e Robert Gilpin formularam a tese fundamental que mais tarde foi chamada de "teoria da estabilidade hegemônica". O mundo enfrentava as primeiras manifestações da crise internacional que se seguiu ao fim do sistema de Bretton Woods e à derrota dos Estados Unidos no Vietnã, e os dois autores estavam preocupados com a possibilidade de que se repetissem a crise e a Grande Depressão dos anos 1930,por falta de uma liderança mundial.Foi quando Kindleberger afirmou que o bom funcionamento de "uma economia liberal mundial necessita de um estabilizador e de um só país estabilizador"2 - um país que provesse o sistema mundial de alguns "bens públicos" indispensáveis para o seu funcionamento, como uma moeda internacional e o livre-comércio, ou da coordenação das políticas econômicas nacionais e da promoção de políticas anticíclicas de eficácia global.A tese de Kindleberger tinha uma natureza claramente normativa, mas se apoiava numa leitura teórica e comparativa da história do sistema capitalista. Como sintetizou Gilpin: "a experiência histórica sugere que, na ausência de uma potência liberal dominante, a cooperação econômica internacional mostrou-se extremamente difícil de ser alcançada ou mantida"3. Kindleberger falou inicialmente de uma "liderança" ou "primazia", mas depois um número cada vez maior de autores passou a utilizar o conceito de "hegemonia mundial". Às vezes com a conotação pura e simples de um poder acima de todos os demais; outras vezes com uma conotação mais "gramsciana", de um poder global legitimado pelos demais Estados,graças à eficácia "convergente" de sua governança mundial.

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Novos Estudos - CEBRAP

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